Durante o seu desenvolvimento, a pele do recém-nascido sofre um progressivo processo de adaptação ao ambiente extrauterino, o que exige cuidados especiais. Ela se caracteriza por ser sensível, fina e frágil. A sua imaturidade provoca maior facilidade de ressecamento, diminui sensivelmente a defesa contra proliferação microbiana e a torna mais susceptível ao trauma e a toxicidade por medicamentos. Isso pelo menos até os dois ou três anos de idade, quando a pele da criança começa a ter as mesmas características da pele do adulto e a expressar sua função específica de forma mais adequada. Porém, o sistema imunológico da criança desenvolve-se progressivamente e não está maduro até os nove anos de idade. Isto significa que a criança é mais sensível às infecções ou aos traumas e, levando-se em conta que a pele é sua primeira linha de defesa, não é inteiramente capaz de defender-se. A partir de tudo isso, notamos que a pele das crianças é particularmente sensível ao excesso de suor e sebo, aos ácaros do pó da casa, às bactérias presentes no ambiente exterior, às impurezas acumuladas na fralda e às condições atmosféricas extremas. Assim, a limpeza da pele das crianças sempre foi um aspecto importante nos seus cuidados.
É hora do banho!
O banho é uma experiência prazerosa e relaxante, que ajuda a fortalecer os laços entre as crianças e seus pais. Ele é necessário para manter a higiene e remover a sujeira depositada sobre a pele. Porém, a hidratação excessiva com água provoca desidratação local, assim, recomenda-se banhos breves, no máximo, cinco minutos para bebês com menos de um ano, e entre cinco e dez minutos para crianças maiores. Sugere-se também que a temperatura da água seja semelhante à temperatura corpórea para não haver choque de temperatura. Para os bebês, o banho de banheira é o mais indicado e seguro, eles ficam tranquilos, contentes e apresentam menor perda de calor. Porém, a água, sem outros agentes, remove somente 65% da sujeira e seu uso exclusivo, além de produzir secura da pele, gera uma fricção desnecessária e uma remoção incompleta dos resíduos. Dessa forma, a função dos agentes de limpeza é a de interagir com a sujeira depositada na pele, removendo-a sem produzir danos. Estes agentes de limpeza são os sabonetes, que devem ser escolhidos evitando o uso de substâncias que removam a camada natural de óleo da pele e que alterem substancialmente o pH da superfície cutânea.
A pele naturalmente é ácida, o que assegura certa capacidade bactericida, servindo de defesa contra infecções. As bactérias que vivem normalmente na pele vivem melhor em pH ácido, enquanto as ruins tendem a se estabelecer melhor em meio alcalino. O pH também é o responsável pela integridade e coesão da pele do adulto. Assim, o pH ácido propicia resistência da pele à ruptura mecânica. A neutralização do pH reverte esse equilíbrio. Por exemplo, o uso de sabão neutro (pH 7) aumenta o pH da pele em 1 ponto, numa escala que varia 0 a 14, e este persiste por 60 minutos. Entretanto, em recém-nascidos o uso de sabão alcalino aumenta muito o pH cutâneo, persistindo por mais de 24 horas, o que o torna não recomendado.
Em se tratando de shampoos para os bebês, o raciocínio é um pouco diferente. O pH da lágrima gira em torno de 7,2, por isso a grande parte desses produtos possuem pH neutro, pois os bebês não tem os reflexos ainda tão desenvolvidos assim, desse modo, em contato com os olhos, estes produtos não irão arder. Ao escolher o agente de limpeza, portanto, a recomendação é que tenha um pH mais próximo ao da pele, ou seja, entre 5 e 6, e com quantidades mínimas de conservantes, que servirão para preservar o produto e evitar uma possível contaminação na pele da criança. Aqueles que contêm agentes emolientes são os preferíveis. Deve-se usar preferencialmente no umbigo, pescoço, axilas e área das fraldas, onde as bactérias são mais numerosas. Os agentes de limpeza ideais devem ser líquidos, suaves, sem sabão, sem fragrância, com pH ligeiramente ácido, que não irrite a pele nem os olhos do bebe, nem altere o manto ácido protetor da superfície cutânea.
Por sua vez, os sabonetes exclusivos de glicerina, por seu excessivo conteúdo deste umectante potente, podem absorver água em excesso para fora da pele, causando, potencialmente, mais secura e irritação cutâneas.
Algumas mães usam óleos, porém a pele pode ficar oleosa, deixando a criança desconfortável. Eles seriam mais interessantes antes do banho naquelas peles mais necessitadas, para depois de lavada, usar mesmo um creme hidratante infantil.
E cuidado! Muitos produtos direcionados ao uso infantil têm substancias potencialmente tóxicas e prejudiciais à pele das crianças. Nem mesmo rótulos contendo frases como “dermatologicamente testado” ou “pH balanceado” ou “ingredientes naturais ou orgânicos” garantem a segurança dos ingredientes do produto.
Comentários