Bom, ninguém sai de uma consulta dermatológica sem pelo menos receber alguma recomendação de proteção solar. Para as crianças não será diferente.Na infância, a proteção solar assume um caráter crucial, pois além da pele ser fina e imatura, nos primeiros anos de vida principalmente, a pele ainda tem pouca cor, com limitada produção de melanina e ausência de pigmentação facultativa. Isso significa que, em caso de exposição solar forte ou prolongada, as crianças não são capazes de produzir melanina suficiente.
As crianças despendem grande parte de seu tempo em atividades externas e, assim, expõem-se a proporções maiores de radiação solar. 50% do total da radiação recebida em toda a vida ocorrem nos primeiros 18 anos. Já foi estimado que a incidência de câncer de pele não-melanoma ao longo da vida pode ser reduzida em 78% com o uso regular de fotoprotetores durante os 18 primeiros anos de vida.
Cerca de 50% do total da radiação UV é recebido entre 11h30 e 14h30. Assim é importante orientar a não se expor ao sol no período entre 10 e 15 horas, principalmente nos meses de verão. Uma estratégia interessante é a regra da sombra, pela qual devemos orientar as crianças a ficarem afastadas do Sol no período do dia em que a sombra refletida de seu corpo no solo for menor que elas mesmas. O ideal é não haver exposição solar principalmente nos primeiros seis meses de vida, liberando apenas o Solzinho no parque da vitamina D.
E quanto a ela, não se preocupem, recentes estudos mostram que não há diminuição dos níveis de Vitamina D ativa mesmo com o uso contínuo de filtro solar em crianças. É assunto sedimentado que pequenas exposições ao sol em pequenas regiões do corpo são suficientes, ou seja, o Sol que se leva no pé já é o suficiente!Parte superior do formulário.
Porém, não basta ser criança para ter infância. Temos que nos preocupar sim com elas, mas não podemos exigir tanto, como se estivéssemos preparando um ser para um futuro árduo. Elas precisam ter infância: mexer na areia, ficar horas pulando e correndo no parque e brincar muito no mar. Tudo com a supervisão e o bom senso dos responsáveis. Essas orientações servem como um norte para orientar a redução de danos. O cuidado com a pele não pode ser um motivo de briga domiciliar. Particularmente, limito a proteção solar na infância para os momentos de exposição intensa, deixando o uso regular para os maiores, como abordarei em breve ao falar dos cuidados com a pele de 10 a 20 anos. Dessa forma, o aconselhamento e o treinamento sem rigor da criança para o uso do filtro solar, além do uso de roupas adequadas, chapéus, óculos, bem como evitar exposição ao sol do meio dia são fundamentais. Caso contrário, será muito difícil mudar este comportamento na adolescência ou idade adulta.
Podem ser consideradas medidas fotoprotetoras eficientes o uso de roupas e acessórios (mais para UVB), a proteção oferecida por sombras e guarda-sóis, a proteção ocular realizada por óculos adequados, ações educativas no sentido de evitar a exposição desnecessária e o uso adequado de fotoprotetores tópicos,considerado isoladamente a mais eficiente medida fotoprotetora.
| Característica | Alta Proteção | Baixa Proteção |
| Cor | Escura | clara |
| Trama | Apertada e espessa | Frouxa e fina |
| Tipo de tecido | Lã e poliester | Algodão, seda, linho e acetato |
| Umidade | Seca | Molhada |
| Ajuste ao corpo | Frouxa | Apertado |
| Lavagem | Início (encolhimento) | Posterior (esgarçamento) |
Tabela 1. Características dos tecidos em relação à capacidade de fotoproteção
Abaixo dos 6 meses, como o uso do protetor solar não é indicado, pois há risco de alergia e intoxicação pelos produtos químicos presentes nos protetores, a proteção deve ser feita por medidas comportamentais e meios físicos (roupas, chapéus e óculos). Hoje já é possível adicionar aos tecidos filtros UV na fabricação ou durante lavagens caseiras, que inclusive podem ser usados por toda a família.
Para os maiores de 6 meses, dentre as premissas básicas recomendadas para um fotoprotetor infantil, devemos ressaltar seu elevado perfil de segurança, com a preferência por produtos sem fragrâncias ou com fragrâncias suaves não alergênicas, e com a preponderância de filtros inorgânicos (físicos) em sua formulação. Geralmente, porém após os três anos costumo liberar os outros filtros solares para as crianças. Em termos de eficácia, o fotoprotetor para uso infantil deve apresentar um FPS de no mínimo 30, com resistência à água e com proteção UVA balanceada (1/3 do valor do FPS), de acordo com as recomendações internacionais.
A aplicação do protetor solar deverá ser 15 minutos antes da exposição e 30 minutos antes da imersão em água. É preferível realizar a primeira aplicação em casa, antes de vestir a roupa com o cuidado para não esquecer nenhuma área exposta.
A reaplicação deve ser realizada a cada duas horas ou após longas imersões na água. É essencial que seja uma quantidade generosa de fotoprotetor. O filtro solar é o único produto dermatológico que não devemos economizar! Pode-se fazer a aplicação do filtro solar em duas camadas de forma consecutiva para dobrar a quantidade aplicada da primeira vez.
Idade aproximada (gramas) Número equivalente de colheres de chá
6 meses a 2 anos 7,5 g 1,5
2 a 4 anos 10 g 02
4 a 7 anos 15 g 03
8 a 11 anos 20 g 04
12 anos 25 g 05
Quantidade de protetor solar em cada aplicação
Dentre os 38 tipos de filtros solares permitidos pela ANVISA, é consenso que, para a pele do bebê, os mais indicados são somente dois: óxido de zinco e dióxido de titânio, chamados de filtros físicos ou minerais, muito menos propensos a causar reações alérgicas. Eles protegem praticamente ao longo de todo espectro UVB e UVA.
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